O que fazer depois de uma queimadura solar?

Quando os dias começam a ficar mais longos e as temperaturas mais altas, uma coisa é certa: os fãs do sol vão aparecer. E, vez ou outra, enquanto pegam uma vitamina D ou uma marca de biquíni, vão se esquecer de todas as orientações de cuidado ao sol: o protetor solar, quando lembrado, não é aplicado adequadamente, os horários de praia acabam sendo os em que o sol está mais forte e se insiste em achar que os dias nublados ou debaixo da sombra não apresentam perigo. O resultado desse desrespeito aos perigos da exposição solar não poderia ser diferente: queimaduras.  

Essas queimaduras, além de incômodas em seus estágios, são muito perigosas a longo prazo, pois aumentam o risco para câncer de pele. O dermatologista Gabriel Martinez Andreola da Clínica E-Vida respondeu algumas perguntas sobre como proceder após a exposição solar sem proteção.

 

O que é normal sentir após a queimadura, além de dor no local? 

Além da dor e ardência local, pode-se observar vermelhidão no local da queimadura, descamação da pele e, em casos mais graves, bolhas.

 

O que fazer após uma queimadura solar?

A principal e imediata medida após a queimadura é se afastar do sol até a total recuperação. É importante aumentar a ingestão de água para evitar a desidratação e tomar banhos e compressas frios para amenizar a inflamação. Loções ou géis pós-sol à base de calamina ou de aloe vera podem ser aplicados sobre a pele sem bolhas, além de cremes e loções hidratantes, principalmente após o banho. 

Em caso de dor ou desconforto, pode-se fazer uso de analgésicos, mas não sem antes consultar o médico dermatologista para avaliar o grau da queimadura e a correta prescrição para cada indivíduo.

No caso de formação de bolhas na pele, é importante não rompê-las por conta própria, mas mantê-las cobertas com curativos com gaze umedecida em soro fisiológico ou vaselina. Em caso de rompimento, lavar com água morna para fria e sabão neutro, e realizar curativos com gaze umedecida.

 

Como classificar o nível da queimadura para saber se pode tratar em casa ou se será necessário ir ao médico? 

A queimadura solar possui alguns estágios. Na fase inicial, temos a queimadura de primeiro grau: quando a pele fica quente, vermelha e ardendo. Queimadura de segundo grau: dor, inchaço e bolhas. No estágio mais avançado, a queimadura de terceiro grau: o caso mais grave, quando a camada mais profunda da pele é atingida e as bolhas formadas são mais intensas. 

As queimaduras de segundo e terceiro grau, principalmente quando extensas ou acompanhadas de febre, necessitam de avaliação e prescrição médica devido ao risco de desidratação e infecções.

 

Quais são os hábitos populares após a queimadura que funcionam e quais não funcionam (ou ainda pioram a queimadura)? 

O uso de substâncias ou soluções caseiras no tratamento de diversas condições de pele é muito comum, mas muitas delas são mitos. Além disso, as substâncias caseiras podem conter micro-organismos que podem agravar o problema. 

Por exemplo, uma coisa que funciona de fato é a realização de compressas com chá de camomila gelado, devido ao efeito calmante do chá e da temperatura da água fria, que diminui a vermelhidão e a ardência provocadas pelo sol. Cremes hidratantes comuns e água termal também são medidas caseiras muito úteis. 

Soluções caseiras à base de vinagre são mais indicadas para o tratamento imediato de queimaduras por animais aquáticos. Já o óleo de coco, amido de milho, óleo de calêndula, manteiga de karitê e gel da babosa podem diminuir a inflamação e hidratar o local, porém não são recomendados em queimaduras em que a pele não esteja íntegra, devido ao risco de infecção. Nesses casos, busque produtos que tenham passado por controle de qualidade, como cremes e loções hidratantes comercializados em farmácias.

 

Quais são os perigos a longo prazo? 

Além do envelhecimento precoce da pele, com a formação de manchas, cicatrizes, rugas e flacidez, a longo prazo existe um risco aumentado para o desenvolvimento do câncer de pele do tipo melanoma, que é o mais agressivo, com grande capacidade de fazer metástases, isto é, espalhar-se pelo corpo todo. Por exemplo, homens com história de 1 a 5 episódios de queimadura solar tem 2,2 vezes mais risco de desenvolverem melanoma do que aqueles que não relataram nenhum episódio.

 

Algum exame detecta a possibilidade do câncer de pele no futuro?

Não existe um exame que possa detectar que determinado paciente terá um câncer de pele no futuro, porém o histórico familiar ou pessoal de câncer de pele, os hábitos de vida da pessoa (exposição solar intensa, falta do uso do protetor solar, história de queimaduras solares, pacientes imunossuprimidos…) e lesões na pele que já indiquem danos crônicos causados pelo sol são fatores fundamentais na avaliação pelo dermatologista, que indica a probabilidade de um paciente ter ou não câncer futuramente. Além disso, o exame dermatológico anual, em busca de manchas irregulares, com cores variadas, que estão aumentando de tamanho, ou lesões que apareceram e não cicatrizam, possibilita o diagnóstico precoce do câncer de pele, o que contribuiu para o tratamento com altos índices de cura.

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